segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

POEMA - PAÍS DE DOIS


Quando nossos perfumes se misturam
O gosto da tua boca
A cor da tua pele,
Branca, doce e macia,
Seu olhar me penetra
E eu sinto
Tua meiguisse
Carinhosa como o entardecer do campo


Pouso meus braços sobre teu corpo
Para sentir o calor
Do teu amor
Da nossa paz
Do silêncio rompido pelos suspiros e gemidos
E nada mais importa
Nada incomoda
Nada pode nos atingir


Um País de Dois
Onde tudo é possível,
Tudo é permitido
Onde os segredos acontecem
Sustentando chama do amor
Verdadeiro
Enquanto dura
Para sempre.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

POEMA - O BEIJO


O primeiro beijo é e sempre será inesquecível. Um momento especial, com pessoas especiais.

É uma emoção que merece ser reverenciada, com nostalgia, independentemente da idade ou das circunstâncias.  Simplesmente ele, o beijo. 


O BEIJO

Naquela noite
Sob as estrelas que salpicavam o universo
Iluminando nossos corpos

O primeiro beijo
Que amadureceu
Quando a brisa leve e macia

Tocou o rosto daquela linda mulher
Com seus cabelos dourados
Flutuando sobre seus ombros
Como se as forças da natureza
Conspirassem para aquele momento só nosso
Inesquecível

Imutável
Incomparável
E, insofismável
Perpetuado pelo testemunho de nossas almas

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

VIAGEM – HAVANA EXTRAORDINÁRIA


Conheci muitas cidades pelo mundo inteiro, mas Havana (Cuba) é única. E, em muitos sentidos.

Quando cheguei ao Brasil depois de uma curta viagem de férias, não tive dúvidas em escrever sobre a extraordinária experiência de conhecer Havana.

Já no dia da chegada, tivemos a sorte de assistir um show no Teatro do Hotel onde estávamos hospedados, com um grupo musical comandado por um dos integrantes fundadores do famoso “Buena Vista Social Club”, Amadito Valdés.

Mas era apenas o começo, pois, eu e Luciano, meu amigo e companheiro de viagem, tivemos o privilégio de sermos recebidos por duas pessoas maravilhosas. O casal Luiz e Isabel são cubanos de Havana e moradores da “Habana Via”, centro da cidade, que comumente recebem brasileiros.

Todos os visitantes são convidados para visitar a residência do casal e assinar um livro de presença que Luiz tem orgulho de mostrar a quantidade de pessoas que já passaram por lá.

Nosso amigo Luiz, um verdadeiro historiador, se dispôs a mostrar Havana como ela é.

Na sexta feira, dia 25/10/2013, logo pela manhã, começamos nossa longa caminhada por “Habana Via”, como assim é chamado o setor mais antigo e histórico de Havana.

A primeira coisa que chama a atenção, assim que se chega em Havana, é o trânsito, cuja frota de carros da década de 50 é um espetáculo à parte. Parece uma enorme exposição de carros antigos circulando normalmente pelas ruas e avenidas da cidade. São modelos dos mais diversos, alguns deles lembro de minha tenra infância.

Caminhar entre os cubanos e turistas (a maioria esmagadora de europeus), e, pelas ruas com seus casarões e edifícios dos séculos 17, 18 e 19, de influência arquitetônica espanhola, francesa e inglesa, muitos deles recuperados e com famílias inteiras neles morando, foi algo fascinante.

O passeio à pé de vários quilômetros era interrompido periodicamente por Luiz que fazia questão de explicar cada detalhe histórico das praças, das estatuas, dos monumentos, dos edifícios, dos costumes do povo.

Algumas de nossas paradas eram em Cafés e Bares, como por exemplo o famoso “Bodeguita Del Médio” e o “Floridita” (um dos favoritos do escritor americano Ernest Hemingway, fundado há quase 200 anos e onde foi criado o Drink Daiquiri), não só para conhecer a “casa”, quase todas com música caribenha ao vivo, mas também para experimentar o que ali tinha de melhor em drinks e comida. Devo reconhecer que foi um dos passeios mais prazerosos da minha vida.

Provavelmente por questões políticas e econômicas que envolvem Cuba, toda essa arquitetura, que o governo está recuperando lentamente, foi e está sendo preservada, ao contrário do que ocorreu em S. Paulo e no Rio de Janeiro. Afortunadamente, o aspecto arquitetônico é um dos fatores que torna Havana uma cidade ímpar.

São quase 500 anos de uma rica história do país que infelizmente sofre as consequências do embargo econômico em vigor até hoje.

Minha maior surpresa foi o povo cubano. Como caminhamos bastante, não só pelo centro histórico, mas também por bairros e regiões que turista normalmente não visita, procurei analisar atentamente as pessoas e seus comportamentos.

Cuba, inegavelmente, é contraditória. É um país pobre e com necessidades, principalmente no que tange ao conforto. Por outro lado, tive a nítida impressão que o povo cubano é alegre e feliz. Também notei claramente que o cubano não se mostra reprimido, nem fanático do ponto de vista político. Talvez acomodado.

A religião é livre e as pessoas podem trabalhar na profissão que quiserem.

Cuba tem um dos maiores contingentes de médicos do mundo, proporcionalmente à quantidade de habitantes do país (cerca de 85.000 médicos, salvo engano) e a população tem garantia de saúde totalmente de graça, tanto que não vi uma farmácia ou drogaria sequer. Se o cidadão tiver uma dor de cabeça é só comparecer a um posto de saúde que será atendido. E a mortalidade infantil é extremamente baixa

A educação é outro ponto forte. Em todas as cidades há curso superior e o cubano pode escolher qualquer profissão para estudar.

Tudo que estou escrevendo não é novidade. É só pesquisar na internet que teremos informações mais precisas. Porém, meu registro é aquilo que vi com meus próprios olhos.

No final desse memorável dia, voltamos para a residência de Luiz. Lá fomos recebidos por Isabel com um delicioso jantar feito por Maria, filha do casal. O cardápio: salada fresca, arroz soltinho, peito de frango grelhado, tostones (banana verde frita em rodelas e levemente empanadas – delícia); refrigerante, frutas e café.

No dia seguinte, dia da volta para o Brasil, tínhamos a parte da manhã livre que não abrimos mão de desperdiçar.

Contratamos Juan, um motorista de 02 metros de altura, dono de um Mercury azul, 1956, conversível, totalmente original, e fomos passear por Havana juntamente com nosso grande amigo Luiz, por mais de 03 horas.

Nesse passeio a “aula de história” continuou. Visitamos a Praça da Revolução (onde Fidel fazia seus discursos); a Universidade de Havana; vários bairros onde viviam as famílias mais abastadas, e, principalmente, o lendário Hotel Nacional de Cuba, construído na década de 30, que teve seu alge nos anos 40 e 50.

O Hotel, totalmente restaurado e em pleno funcionamento, é uma volta glamorosa ao passado, de modo que é imperdível de se visitar para quem está em Havana.

No final do passeio, de volta ao nosso Hotel, lamentei o fim da viagem e a despedida de Luiz.

A atmosfera de Havana, é inigualável. As pessoas, o alto astral, o cenário, a arquitetura, e muitas coisas mais, torna a cidade, como disse no início, única.

Creio que fui feliz em fazer uma dedicatória no livro de presença de Luiz e Isabel, que bem resume nossa viagem:

“Uma experiência extraordinária.
Com pessoas maravilhosas.
Conhecendo uma cidade fascinante.
Riqueza que ficará gravada para sempre em nossas memórias”

Havana, 25.10.2013.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

FILMES – ÓTICAS DO CRIME ATRAVÉS DO CINEMA

 
Três recentes filmes exploram o “crime” sob óticas diferentes, de forma interessante e inteligente. Vale a pena conferir.


TESE SOBRE UM HOMICIDIO -  Este filme argentino, muito bem produzido, tendo como protagonista o excelente Ricardo Darín, no papel de Roberto Bermudez, conta a história de um professor de Direito Penal que recebe Gonzalo, como aluno para um curso de 06 meses, o filho de um jurista espanhol, velho amigo do professor.

O professor defende a tese que um crime é esclarecido pelo “detalhes” que normalmente passam despercebidos na investigação, e, que provas convencionais, muitas vezes nada provam contra o criminoso.

No entanto, esse “aluno espanhol”, brilhante, mas arrogante e pretencioso, veio para Buenos Aires participar desse curso apenas desafiar o professor. Ou seja, para provar que a tese do professor é equivocada e falha. Para tanto, ele pratica um homicídio dentro do estacionamento da faculdade e partir daí a trama se desenrola numa espécie  jogo de inteligência.

O professor Roberto põe em prática sua tese e constrói um quebra cabeça, chegando à conclusão que o assassino é seu Aluno. Gonzalo, por sua vez, deixa vestígios que não podem provar a autoria do crime, tudo de forma proposital.

O interessante é que o paralelo do filme com a realidade, muitas vezes acontece nos Tribunais, ou seja, as provas não conseguem demonstrar a autoria de um crime, mas pelas circunstâncias, sabe-se quem o praticou.


HANNAH ARENDT – Baseado em fatos reais, essa famosa jornalista, Hannah Arendt (Barbara Sukowa) e seu marido Heinrich (Axel Milberg) são judeus alemães que chegaram aos Estados Unidos como refugiados de um campo de concentração nazista na França. Nos anos 50 surge uma oportunidade para Hannah cobrir o julgamento do nazista Adolf Eichmann para a The New Yorker. Ela viaja até Israel, e na volta escreve todas as suas impressões e o que aconteceu, e a revista separa tudo em 5 artigos. Só que aí começa o verdadeiro drama de Hannah: Ela mostra nos artigos que nem todos que praticaram os crimes de guerra eram monstros, e relata também o envolvimento de alguns judeus que ajudaram na matança dos seus iguais. A sociedade se volta contra ela e a New Yorker, e as críticas são tão fortes que até mesmo seus amigos mais próximos se assustam. Hannah em nenhum momento pensa em voltar atrás, mantendo sempre a mesma posição, mesmo com todo mundo contra ela.

Hanna foi mal compreendida, em minha opinião. O que ela coloca em discussão, não é exatamente a culpa do criminoso de guerra, mas a sua demonização.

O que Hanna acertadamente descreve é que Eichmann, durante o julgamento, se mostrava uma pessoa sem muita noção do que representava a acusação ou aquele Tribunal. Eichmann chegava a ser simplório em suas declarações ao afirmar que apenas cumpria ordens e por isso não se sentia culpado ou arrependido.

Hanna observa que as testemunhas relatavam as atrocidades de Auschwitz, mas em nenhum momento as testemunhas apontavam algum tipo de ato direto de Eichmann.

Realmente, nada justifica o holocausto, mas Eichmann, segundo Hannah, também foi uma espécie de ”instrumento” das atrocidades de Hitler, resultado de uma “lavagem cerebral”.

Eichmann foi justamente condenado (pena de morte), e Hannah apenas mostrou uma visão diferente, partindo da compreensão da ótica do próprio acusado, inclusive fazendo comparação com judeus que teriam colaborado com os nazistas.

Um filme intressante de se ver.



EU ANNA – Filme Inglês, Alemão e Francês, ainda em cartaz em poucas salas de S. Paulo (Reserva Cultural), conta a história de um policial que está sem conseguir dormir direito há semanas devido à recente separação. O detetive Bernie Reid (Gabriel Byrne) ronda a cidade de madrugada. Ao atender uma chamada, ele parte para um apartamento onde encontra um homem morto. Lá vê de relance uma mulher, Anna Welles (Charlotte Rampling), que lhe chama a atenção. Eles apenas se conhecem realmente em uma festa de solteiros e não demora muito para que engatem um relacionamento. O que Bernie não imaginava era que Anna era a assassina que estava procurando.

O que eu destaco, é que neste caso, Anna tem um problema de perda de memória recente. Certa vez, quando estava passeando com sua netinha, esqueceu que estava cuidando da criança e resolveu voltar para casa. Logo em seguida lembrou-se dela e voltou para pegá-la, mas era tarde de mais. A criança desceu do carrinho e foi atropelada por um carro e veio a óbito.

A partir desse evento, ela passou a demonstrar uma psicopatia, fantasiando que nada daquilo tinha acontecido e imaginava que a filha e a neta ainda estavam vivendo em sua casa.

Quanto ao assassinato, ela nada se lembra de início. Na verdade, aos poucos, Anna vai percebendo que várias situações estão relacionadas à pessoa que havia conhecido na primeira noite da festa dos solteiros, e vai se lembrando da noite do assassinato. Essas lembranças fracionadas é o suficiente para revelar que tudo aconteceu dentro do apartamento desse homem, foi por legítima defesa.

sábado, 17 de agosto de 2013

POEMA - VIDA RARA



Numa inspiração matinal, esse poema é uma reflexão e uma síntese sobre a vida, segundo minha ótica, dentro de minhas limitações.

Nada como a poesia para expressar em poucas palavras a complexidade da vida, que é "rara".

 

VIDA RARA


A vida é rara
E o tempo não para
Bons momentos
Às vezes...


Nossas utopias
Segredo da esperança
Inseparável
Insuperável


As dores
Os medos
E os erros
Sempre teremos


Mas também
Os amores
Os prazeres
Deleite de quem os conhece


Sempre ela
A vida
Previsível e surpreendente,
E rara.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

POEMA - A DEUSA


 
Lembro-me dela…
Inesquecível!
A mais linda de todas.
Mulher complexa,
Que me inspirou dezenas de poemas.
Com seus cabelos de raio de luz,
Penetrantes olhos castanhos,
Lábios carnudos,
Sorriso doce, largo e intenso.
Coxas roliças.
Voz aveludada; quase um soneto.
Sua pele era como porcelana.
De caminhar sensual,
Subjulgava todos os homens
Num jogo de sedução
De extrema malícia e habilidade
Que a tornava intocável
Para o desapontamento
Dos adminiradores anônimos e declarados,
Que não conseguiam ultrapassar
O linde da fantasia inesgotável.
Eram pobres iludidos, que inutilmente sonhavam acordados.
Como nada é eterno.
Alguém,
Depois de um casual encontro
O destino, sem qualquer aviso, abruptamente,
Virou aquele jogo,
Que a fez provar do próprio veneno
E ao mesmo tempo
A fez descobrir
O que é verdadeiramente amar alguém e ser amada,
Na simplicidade da felicidade,
Que estava esquecida.
E assim, o jogo jogado acabou.
De resto, eram meros detalhes.
Nunca mais a vi.
Aquela Deusa, que ainda orbita em meus pensamentos.
Depois de tanto tempo,
Fico me indagando sobre o que mais lhe aconteceu.
Como só temos uma vida,
Deveria ter aproveitado a oportunidade.
Espero que ela tenha assim agido,
Para que o desperdício
Não tenha inundado sua vida,
Sua alma,
Sua esperança,
Seus sonhos.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CRÔNICA – UMA INCRÍVEL EXPERIÊNCIA NA CIDADE MARAVILHOSA

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Finalmente o Brasil acordou para as mazelas de nossos governantes e representantes do povo. A incompetência administrativa, a má gestão do dinheiro público, a corrupção, os atos de imoralidade administrativa (calote público de suas dívidas, nepotismo, descaso com as prioridades do povo, abusos e arbitrariedades fiscais, tratamento diferenciado aos “amigos e companheiros”, falta de transparência administrativa), impunidade, dentre muitos outros, que me abstenho de continuar a relacionar para que o texto não fique cansativo.

Penso que o estigma de povo “cordeiro”, tolerante, que se passa por otário, acabou.

Nós brasileiros temos que ter a clareza que o Estado existe para servir o povo e não o contrário. Os governantes, da mesma forma, tem o dever de ter essa consciência, ou seja, da sua obrigação moral e constitucional de servir e não a cultura que hoje predomina que é “tirar proveito do poder”.

Essas manifestações que hoje vemos já está entrando para a história, não só pelo rompimento do silêncio, mas pela amplitude das reivindicações. Bem diferente das manifestações pontuais das “Diretas Já” e dos “Cara Pintadas”.

As manifestações, apesar dos incômodos na rotina dos cidadãos, principalmente nas grandes cidades, é necessária e plenamente legítima. Acho ainda que essas manifestações não devem parar até que o governo se manifeste de forma transparente, com vontade política para tomar atitudes para mudar o que deve ser mudado (mutatis mutantis), a fim de atender as reivindicações do povo brasileiro.

Governar não é dar murro na mesa e ficar bravo. É ter atitude.

Não podemos mais transigir com as “mazelas” citadas anteriormente. Pagamos tributos de nível de países de primeiro mundo (40% do PIB - semelhantes a países como a França e Austrália), mas os serviços públicos são de terceiro mundo e pior, quem pode, paga tudo de novo (escola particular, segurança particular, plano de saúde, previdência privada e assim vai).

Antes de imaginar que essa “explosão de cidadania“ fosse eclodir, resolvi fazer uma viagem diferente com meus filhos João Pedro (09) e Isadora (06) à cidade do Rio de Janeiro.

Pela primeira vez como um mero turista, resolvemos aproveitar a Copa das Confederações para assistir ao jogo da Espanha e Taiti ocorrido na quinta-feira, dia 20 de junho de 2.013, e, para visitar os principais pontos da Cidade Maravilhosa, no restante do final de semana.

Realmente valeu a pena. A cidade é linda e é perceptível que está ficando cada vez mais arrumada, sem contar que muitas obras estão em andamento.

Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Jardim Botânico, Forte de Copacabana, Confeitaria Colombo, museus e como não poderia deixar de ser, pegamos uma praia, mesmo nessa época do ano. Foram esses nossos principais passeios. Enfim, muita beleza e história do Brasil.

Mas o que eu gostaria de destacar nessa crônica foi o primeiro dia do passeio, que tem tudo a ver com esse momento histórico que estamos vivendo.

Foi uma experiência única para mim. Imagine então para meus “pequeninos”...

Como eu já disse antes, o jogo da Espanha contra o Taiti foi no dia 20.06.13, quinta-feira, às 16 horas. Assim, para não atrapalhar a escola e o meu trabalho, optei por chegar ao Rio no mesmo dia, pela manhã.

Hoje, analisando friamente, em se tratando de Brasil, acho que arrisquei demais, sem contar que naquela quinta-feira (20), foi o dia das grandes manifestações em todo o Brasil. Para arrematar, o ponto de encontro no Rio foi na Candelária, há 100 metros no nosso hotel.

De fato, ocorreu que nosso voo foi cancelado e ao invés de chegarmos antes das 11 horas, pousamos no Aeroporto Santos Dumont às 14h45min, ou seja, 1 hora e 15 minutos antes do jogo.

Eu e as crianças fomos correndo pegar a mala na esteira do aeroporto; tomamos um taxi para o Hotel; fizemos check-in;, retiramos o ingresso do jogo que foi comprado pela internet (sorte que nosso hotel era um dos pontos de entrega de ingressos); nos trocamos (claro que colocamos a camisa da seleção da Espanha, em razão de nossa dupla cidadania); e em seguida, entramos no metrô lotado e mal sinalizado. Para piorar, pegamos a linha vermelha do metrô e descemos na estação Afonso Pena que fica cerca de 02 quilômetros de distância do Maracanã.

Com passos largos, Joao Pedro e eu, com a Isadora nos ombros (um verdadeiro teste de resistência) fomos à pé  e finalmente chegamos ao “Macara”. A antes de entrar no estádio e subir até o nível 05, fomos entrevistados por uma emissora de televisão. Respondendo à pergunta da repórter, Isadora arriscou o placar de 12 a 0. Joao Pedro indicou o placar de 8 a 0.

Enfim, sentamos em nossas cadeiras com 07 minutos de primeiro tempo de jogo e já estava 1 a 0 para a Espanha.

Foi uma festa. O Maracanã totalmente reformado, lindo e lotado (quase 72 mil pessoas), e a “Fúria” ganhou por 10 a 0. Foram tantos gols que ficamos roucos.

Outro destaque foi que no meio do jogo, o Maracanã inteiro cantou o hino brasileiro; além das palavras de ordem, como: “povo unido jamais será vencido” e ainda cantou: ”sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Foi de arrepiar. Nesse momento percebi que o povo está em sintonia e com o mesmo sentimento de exigir mudanças, o que é muito animador.

Com o final de jogo, fomos até a residência de nossos amigos Adriana e Fernando fazer um lanche. O aparamento deles fica há 50 metros do estádio (é só atravessar a rua) e pela sacada vemos o Maracanã inteiro aceso e também o Cristo Redentor lá no alto, iluminado.

De lá, ao acompanharmos a cobertura dos protestos pela TV, começamos a ter a verdadeira noção do tamanho da manifestação e dos problemas que estavam ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro. Para os organizadores da manifestação havia 600 mil pessoas. Para a polícia militar, 300 mil. Seja qual for o número, é muita gente.

Minha preocupação, naquela altura, era como chegar ao hotel, que estava no “olho do furacão”.

Por volta de 21 horas, as reportagens davam conta que a região da Candelária já estava vazia e a manifestação tinha se dirigido à Prefeitura. Para garantir, telefonei  para o hotel e me informaram que realmente já era possível passar veículos.

Diante disso e com o cansaço nos castigando, resolvi arriscar e pegamos um taxi para voltar ao hotel.

Assim que saímos na calçada, um taxi parou. Quando disse para onde queríamos ir, ele se recusou a fazer a corrida. Depois de muita insistência o motorista cedeu.

O taxi fez uma volta bem grande para evitar a região da Prefeitura e da Central do Brasil. O caminho ia bem, quando no final da Perimetral, perto do centro, o trânsito parou. Havia naquela região uma repressão da polícia contra manifestantes que podíamos ver de longe. Mesmo com a distância, a brisa trouxe um pouco do gás lacrimogênio e nosso olhos e narinas começaram a arder. No sentido oposto da pista podemos observar que um ônibus com alguns vidros quebrados estava cheio de passageiros cobrindo o nariz com lenços e panos.

Em seguida o trânsito foi liberado e não sabíamos o que íamos encontrar. O esperto e atento taxista fez um caminho alternativo pelo centro velho e durante esse trajeto pudemos testemunhar um rastro de destruição.

Lixo espalhado por todo lado. Muitas fogueiras pelas ruas, provavelmente formadas pelo lixo; postes de radares derrubados (o carioca chama de pardal); orelhões arrancados e jogados no meio das avenidas e até uma enorme caçamba foi arrastadas para o meio da Avenida Presidente Vargas. E, quase todos os vidros de lojas e de bancos quebrados.

Realmente um cenário de guerra que nunca vi em minha vida. Essa paisagem era tão chocante que até a Isadora fez comentários de indignação.

O mais estranho de tudo, é que o nosso taxi era o único veículo que estava perambulando na região do centro. Não havia um só ônibus, taxi ou veículo de passeio circulando naquela região do centro velho (que em situações normais o tráfego de carros e de pessoas é muito grande), mas apenas manifestantes vagando pelas ruas escuras e sujas que mais pareciam “zumbis”.

Todo esse cenário nos fez sentir como se estivéssemos dentro de um filme de ficção científica, como se eu, Joao Pedro, Isadora e o taxista, fosssemos os únicos seres humanos vivos da cidade. Foi algo parecido com o Filme “Ensaio Sobre a Cegueira“ (2008), dirigido por Fernando Meireles.

Finalmente chegamos ao hotel que estava com tapumes em sua fachada para proteger de vandalismos.

O gerente do hotel veio rapidamente ao nosso encontro na calçada e pensando que éramos “gringos”, foi nos recepcionar e pedir desculpas em espanhol, justificando que essas manifestações não eram comuns no Rio.

Ao entramos no hall de entrada, outra cena chocante. Os funcionários do hotel estavam todos meio que assustados e com lenços no nariz por causa do gás lacrimogênio jogado na rua pela polícia. Como estava tudo fechado, o ar não circulava e o gás  que penetrou castigava as pessoas.

Por conta disso nos dirigimos rapidamente ao elevador e subimos ao apartamento. Somente nesse momento comecei a ficar tranquilo e agradecer a Deus pela proteção e por ter dado tudo certo.

Foi uma verdadeira aventura, mas nada disso tirou o brilho do primeiro dia de nossa viagem.

Realmente, valeu a pena, não só pelo passeio e por ver tanta beleza que a Cidade Maravilhosa proporciona, mas também, porque fomos testemunhas oculares de uma parte da história que o Brasil está vivendo.

Uma experiência incrível, para ficar registrada em nossas memórias!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

FILME – AMOR PROFUNDO


A produção americana e britânica, com duração de 1 hora e 38 minutos, é ambientada em Londres, na década de 1950, e explora as escolhas amorosas das pessoas.

Hester Collyer (Rachel Weisz) é a esposa de um juiz muito importante e influente, Sir William Collyer (Simon Russell Beale). Seu casamento tem afeto, mas é morno. Por conta disso, Hester envolve-se com um piloto aéreo (Tom Hiddleston) perturbado por suas experiências durante a guerra, em uma relação mais excitante.

Sir Willian, bem mais velho que a esposa, é um homem culto, respeitoso, inteligente e um perfeito “gentleman”. Contudo, seu relacionamento conjugal não tem contato sexual, tanto que não dormem juntos, o que naturalmente causa muita insatisfação à Hester.

Previsivelmente, Hester conhece e se apaixona por outro homem. Um ex-piloto da II Guerra e herói nacional, Freddie Page, mais jovem e cheio de vida.

Hester se separa do marido e vai morar com Freddie numa precária pensão e logo percebe que Freddie é dado à bebida, inculto, não trabalha e é pouco afetuoso, apesar da relação fulgurante.

Num determinado final de semana, Freddie viaja para outra cidade com amigos para jogar golfe e se esquece do aniversário de Hester.

Extremamente triste e decepcionada por conta disso, Hester tenta suicídio, mas é socorrida pela dona da pensão. Apesar de tentar esconder o ocorrido, ao chegar de viagem, Freddie descobre a carta que Hester iria deixar como despedida. A partir daí o relacionamento deteriora, pois, Freddie se decepciona e não quer se sentir responsável pelo ato extremo.

Sir Willam, o ex-marido, ainda demonstrando amor por Hester, a procura preocupado em razão do suicídio mal sucedido e ainda leva um livro de sonetos de presente de aniversário. A cena mostra um diálogo delicado, afetuoso, respeitoso e inteligente, além de um cativante cavalheirismo quando Willam sugere a Hester entrar no carro para conversar (com a porta aberta), enquanto ele fica em pé na calçada, apenas para que ela ficasse protegida do frio.

Ao encerrar o diálogo, Hester sai do carro e de forma carinhosa beija Willam na boca, que, desconsertado, entra no carro e vai embora.

Quando Hester chega ao apartamento, Freddie a está esperando para anunciar o fim da relação e para contar a novidade do novo emprego de arrumou como piloto de teste no Rio de Janeiro.

Freddie se despede e vai embora na mesma hora, sem atender o pedido de Hester para ficar pelo menos naquela noite.

O filme termina deixando a clara conclusão que Hester teve dois homens de extremos e foi infeliz. O marido, Sir Willam, gentil, educado, rico e culto. Freddie um excelente amante e só.

O roteiro pode parecer óbvio pela nossa narrativa, mas o diálogo dos personagens, a interpretação dos artistas e as sutilezas de cada cena, torna o filme diferenciado e passa para o público muitas mensagens.

Com certeza conhecemos muitas estórias como de Hester.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

DOCUMENTÁRIO – O DIA QUE DUROU 21 ANOS

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Este documentário mostra a influência direta e decisiva do Governo dos Estados Unidos no golpe de 1964, sob uma ótica jamais vista.

Em minha opinião, é o melhor documentário sobre o tema já realizado.

Com uma boa estética e com documentos, depoimentos e conversas registradas, o documentário mostra credibilidade. Uma dessas gravações traz uma conversa, registrada em 1962, entre o presidente John F. Kennedy e seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, na qual manifestam a preocupação com o que julgam ser uma inclinação de Jango à esquerda. Falam ali, no auge da Guerra Fria, em apoiar militares brasileiros insatisfeitos com a "entrega do país aos comunistas".

Os EUA tinham grande preocupação com a crescente influencia da esquerda no governo de João Goulart. Temiam que Jango perdesse o controle e com isto, o Brasil se transformasse “numa Cuba”.

O então Embaixador dos EUA no Brasil Mr. Gordon conseguiu convencer a Casa Branca do risco iminente da esquerda assumir o poder.

Nesse contexto, foi definido um golpe militar. Para tanto, foi articulada a Operação Brother Sam, ou seja, uma força naval americana deslocada para Santos (SP) e colocada em prontidão para agir (inclusive com incursão terrestre), caso houvesse resistência ao golpe de 1964. Como não houve qualquer resistência (Jango se dirigiu de avião para o Rio Grande do Sul, juntou-se a Brizola e foram para o exílio para o Uruguai), a força militar dos Estados Unidos se retiraram e voltaram para suas bases no Caribe.

Havia um plano de contingenciamento articulado pela CIA e pela Casa Branca para o pós-golpe, onde seriam realizadas eleições democráticas em seguida, mas com candidatos ao gosto do “patrocinador.”

Contudo, os militares tomaram o poder por um motivo (evitar que o Brasil fosse um país comunista), mas ficaram por 21 anos por outro motivo (pelas vantagens e pelas mordomias do poder).

Conforme o tempo passava, a repressão aumentava e muitos abusos foram cometidos. Os Atos Institucionais que restringiam a liberdade do cidadão, a censura, prisões investigativas, dentre outros, fez com que esse período fosse conhecido como “Anos de Chumbo”.

Entre os anos de 1964 e 1985, o Regime Militar teve os seguintes Presidentes: Castello Branco (1964 – 1967); Costa e Silva (1967 - 1969); Junta Militar (1969 com duração de apenas dois meses); Médici (1969-1974); Geisel (1974 - 1979); e Figueiredo (1979 - 1985).

Somente em 1989 é que tivemos eleições diretas.

 Os 21 anos de ditadura interromperam o processo democrático e, mesmo com aumentos consideráveis em alguns anos do PIB, deixou mais pontos negativos do que positivos, como a centralização, o inchaço das grandes cidades, o sucateamento da malha ferroviária, o emburrecimento do ensino, o endividamento externo e a estatização excessiva.

Tenho a impressão que esses problemas da época do Regime Militar ainda permanecem, apesar da democracia.

Tenho dito que o único caminho para um Brasil melhor é o investimento pesado na educação, assim como a Coreia do Sul fez, durante 20 anos. O resultado foi que esse pequeno país asiático se transformou hoje uma potencia econômica.

Sem educação de verdade para o povo, não haverá solução para os nossos problemas. Não haverá desenvolvimento suficiente para transformar o Brasil num país de ponta. Continuaremos um grande país de 3o Mundo.

O documentário não só é revelador, mas também nos faz refletir sobre o nosso futuro.

Quem tiver oportunidade de ver o documentário no cinema, em cartaz no Reserva Cultural em São Paulo, será um privilégio.

Há também em DVD e nas locadoras.

Vale a pena assistir para conhecer um mais da história do nosso país.

terça-feira, 19 de março de 2013

FILME – AS SESSÕES


Longe de ser apelativo, o filme, baseado em fatos reais, e ambientado entre as décadas de 80/90, conta a história de Mark O’Brien, poeta e escritor, que contraiu poliomielite ainda quando criança, perdendo todos os movimentos do corpo, com exceção da cabeça.

Católico fervoroso, frequentava a igreja quase todos os dias. Além de rezar, conversava com o pároco, Padre Brendam, sobre tudo, principalmente sobre seu drama de se sentir incompleto por nunca de tido relação sexual.

O que me chamou a atenção no filme é que, mesmo com toda sua limitação, três mulheres se apaixonaram por Mark, pela sua inteligência, bom humor e por sua peculiar elegância. Cada uma delas de forma diferente, com amores diferentes.

A primeira, Amanda, uma moça morena e muito bonita que começou a  trabalhar como cuidadora de Mark. Rapidamente ele se apaixona pela cuidadora. Ele sempre bem humorado e ela receptiva, viviam uma rotina muito divertida. Mas num dado momento Mark resolve se declarar, mas a perplexidade dela foi tanta que pediu demissão e foi embora. Depois de alguns anos, a moça volta para se despedir de Mark, em razão de uma viagem para a Alemanha para estudar a língua local e confessa que também o amava. Disse que ninguém fazia ela rir; somente ele.

A segunda foi justamente a terapeuta sexual Cheryl (em atuação magistral de Helen Hunt em sua volta ao cinema), uma especialista em exercícios de consciência corporal, que o inicia no sexo com seis sessões previstas.

No entanto, na quarta sessão eles resolvem antecipar o encerramento do tratamento, pois, Cheryl, casada, se apaixona por Mark e os dois se declaram. A terapeuta também se apaixonou por Mark pelo seu romantismo (ele fez um poema para ela) e pela sua inteligência cativante.

Susan, voluntária de um Hospital, conheceu Mark depois de um acidente com o aparelho apelidado de pulmão aço, em que ficava a maior parte do tempo. Mark quase morreu e teve de ir ao hospital onde Susan trabalhava.

Os poucos dias de sua internação foram suficientes para Susan se encantar. Foram namorados por mais de 05 anos, até a morte de Mark aos 49 anos de idade.

Em seu velório, Amanda, Cheryl e obviamente Susan  foram à missa de corpo presente lhe prestar a última homenagem.

De fato, a história de Mark mostra que a beleza interior sempre prevalece sobre a exterior. A “elegância” de ser inteligente, gentil, bem humorado e romântico, cativa e atrai qualquer ser humano.