Conheci
muitas cidades pelo mundo inteiro, mas Havana (Cuba) é única. E, em muitos
sentidos.
Quando
cheguei ao Brasil depois de uma curta viagem de férias, não tive dúvidas em
escrever sobre a extraordinária experiência de conhecer Havana.
Já no dia da
chegada, tivemos a sorte de assistir um show no Teatro do Hotel onde estávamos
hospedados, com um grupo musical comandado por um dos integrantes fundadores do
famoso “Buena Vista Social Club”, Amadito Valdés.
Mas era
apenas o começo, pois, eu e Luciano, meu amigo e companheiro de viagem, tivemos o
privilégio de sermos recebidos por duas pessoas maravilhosas. O casal Luiz e
Isabel são cubanos de Havana e moradores da “Habana Via”, centro da cidade, que
comumente recebem brasileiros.
Todos os
visitantes são convidados para visitar a residência do casal e assinar um livro
de presença que Luiz tem orgulho de mostrar a quantidade de pessoas que já
passaram por lá.
Nosso amigo
Luiz, um verdadeiro historiador, se dispôs a mostrar Havana como ela é.
Na sexta
feira, dia 25/10/2013, logo pela manhã, começamos nossa longa caminhada por
“Habana Via”, como assim é chamado o setor mais antigo e histórico de Havana.
A primeira
coisa que chama a atenção, assim que se chega em Havana, é o trânsito, cuja
frota de carros da década de 50 é um espetáculo à parte. Parece uma enorme
exposição de carros antigos circulando normalmente pelas ruas e avenidas da
cidade. São modelos dos mais diversos, alguns deles lembro de minha tenra
infância.
Caminhar
entre os cubanos e turistas (a maioria esmagadora de europeus), e, pelas ruas com
seus casarões e edifícios dos séculos 17, 18 e 19, de influência arquitetônica espanhola,
francesa e inglesa, muitos deles recuperados e com famílias inteiras neles
morando, foi algo fascinante.
O passeio à
pé de vários quilômetros era interrompido periodicamente por Luiz que fazia
questão de explicar cada detalhe histórico das praças, das estatuas, dos
monumentos, dos edifícios, dos costumes do povo.
Algumas de
nossas paradas eram em Cafés e Bares, como por exemplo o famoso “Bodeguita Del
Médio” e o “Floridita” (um dos
favoritos do escritor americano Ernest Hemingway, fundado há quase 200 anos e
onde foi criado o Drink Daiquiri), não só para
conhecer a “casa”, quase todas com música caribenha ao vivo, mas também para
experimentar o que ali tinha de melhor em drinks e comida. Devo reconhecer que
foi um dos passeios mais prazerosos da minha vida.
Provavelmente
por questões políticas e econômicas que envolvem Cuba, toda essa arquitetura,
que o governo está recuperando lentamente, foi e está sendo preservada, ao
contrário do que ocorreu em S. Paulo e no Rio de Janeiro. Afortunadamente, o
aspecto arquitetônico é um dos fatores que torna Havana uma cidade ímpar.
São quase 500
anos de uma rica história do país que infelizmente sofre as consequências do
embargo econômico em vigor até hoje.
Minha maior
surpresa foi o povo cubano. Como caminhamos bastante, não só pelo centro
histórico, mas também por bairros e regiões que turista normalmente não visita,
procurei analisar atentamente as pessoas e seus comportamentos.
Cuba,
inegavelmente, é contraditória. É um país pobre e com necessidades,
principalmente no que tange ao conforto. Por outro lado, tive a nítida
impressão que o povo cubano é alegre e feliz. Também notei claramente que o
cubano não se mostra reprimido, nem fanático do ponto de vista político. Talvez
acomodado.
A religião é
livre e as pessoas podem trabalhar na profissão que quiserem.
Cuba tem um
dos maiores contingentes de médicos do mundo, proporcionalmente à quantidade de
habitantes do país (cerca de 85.000 médicos, salvo engano) e a população tem
garantia de saúde totalmente de graça, tanto que não vi uma farmácia ou
drogaria sequer. Se o cidadão tiver uma dor de cabeça é só comparecer a um
posto de saúde que será atendido. E a mortalidade infantil é extremamente baixa
A educação é
outro ponto forte. Em todas as cidades há curso superior e o cubano pode
escolher qualquer profissão para estudar.
Tudo que
estou escrevendo não é novidade. É só pesquisar na internet que teremos
informações mais precisas. Porém, meu registro é aquilo que vi com meus próprios
olhos.
No final
desse memorável dia, voltamos para a residência de Luiz. Lá fomos recebidos por
Isabel com um delicioso jantar feito por Maria, filha do casal. O cardápio:
salada fresca, arroz soltinho, peito de frango grelhado, tostones (banana verde
frita em rodelas e levemente empanadas – delícia); refrigerante, frutas e café.
No dia
seguinte, dia da volta para o Brasil, tínhamos a parte da manhã livre que não
abrimos mão de desperdiçar.
Contratamos
Juan, um motorista de 02 metros de altura, dono de um Mercury azul, 1956,
conversível, totalmente original, e fomos passear por Havana juntamente com
nosso grande amigo Luiz, por mais de 03 horas.
Nesse passeio
a “aula de história” continuou. Visitamos a Praça da Revolução (onde Fidel
fazia seus discursos); a Universidade de Havana; vários bairros onde viviam as
famílias mais abastadas, e, principalmente, o lendário Hotel Nacional de Cuba,
construído na década de 30, que teve seu alge nos anos 40 e 50.
O Hotel,
totalmente restaurado e em pleno funcionamento, é uma volta glamorosa ao
passado, de modo que é imperdível de se visitar para quem está em Havana.
No final do
passeio, de volta ao nosso Hotel, lamentei o fim da viagem e a despedida de
Luiz.
A atmosfera
de Havana, é inigualável. As pessoas, o alto astral, o cenário, a arquitetura,
e muitas coisas mais, torna a cidade, como disse no início, única.
Creio que fui
feliz em fazer uma dedicatória no livro de presença de Luiz e Isabel, que bem
resume nossa viagem:
“Uma experiência extraordinária.
Com pessoas maravilhosas.
Conhecendo uma cidade fascinante.
Riqueza que ficará gravada para sempre em nossas
memórias”
Havana, 25.10.2013.
Fascinante a sua narrativa Ju....adoraria ir um dia a Havana !!!
ResponderExcluirMuito interessante a sua visão dessa Cuba que desconhecemos. Abraço meu amigo
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