Este
documentário mostra a influência direta e decisiva do Governo dos Estados
Unidos no golpe de 1964, sob uma ótica jamais vista.
Em minha opinião, é o melhor documentário sobre o tema já realizado.
Com
uma boa estética e com documentos, depoimentos e conversas registradas, o
documentário mostra credibilidade. Uma dessas gravações traz uma conversa,
registrada em 1962, entre o presidente John F. Kennedy e seu embaixador no
Brasil, Lincoln Gordon, na qual manifestam a preocupação com o que julgam ser
uma inclinação de Jango à esquerda. Falam ali, no auge da Guerra Fria, em
apoiar militares brasileiros insatisfeitos com a "entrega do país aos
comunistas".
Os
EUA tinham grande preocupação com a crescente influencia da esquerda no governo
de João Goulart. Temiam que Jango perdesse o controle e com isto, o Brasil se
transformasse “numa Cuba”.
O
então Embaixador dos EUA no Brasil Mr. Gordon conseguiu convencer a Casa Branca
do risco iminente da esquerda assumir o poder.
Nesse
contexto, foi definido um golpe militar. Para tanto, foi
articulada a Operação Brother Sam, ou seja, uma força naval americana deslocada
para Santos (SP) e colocada em prontidão para agir (inclusive com incursão
terrestre), caso houvesse resistência ao golpe de 1964. Como não houve qualquer
resistência (Jango se dirigiu de avião para o Rio Grande do Sul, juntou-se a Brizola
e foram para o exílio para o Uruguai), a força militar dos Estados Unidos se
retiraram e voltaram para suas bases no Caribe.
Havia um
plano de contingenciamento articulado pela CIA e pela Casa Branca para o pós-golpe,
onde seriam realizadas eleições democráticas em seguida, mas com candidatos ao
gosto do “patrocinador.”
Contudo,
os militares tomaram o poder por um motivo (evitar que o Brasil fosse um país
comunista), mas ficaram por 21 anos por outro motivo (pelas vantagens e pelas
mordomias do poder).
Conforme
o tempo passava, a repressão aumentava e muitos abusos foram cometidos. Os Atos
Institucionais que restringiam a liberdade do cidadão, a censura, prisões
investigativas, dentre outros, fez com que esse período fosse conhecido como
“Anos de Chumbo”.
Entre os anos de 1964 e 1985, o Regime
Militar teve os seguintes Presidentes: Castello
Branco (1964 – 1967); Costa e Silva (1967 - 1969); Junta Militar (1969 com duração
de apenas dois meses); Médici (1969-1974); Geisel (1974 - 1979); e Figueiredo
(1979 - 1985).
Somente
em 1989 é que tivemos eleições diretas.
Os 21 anos de ditadura interromperam o
processo democrático e, mesmo com aumentos consideráveis em alguns anos do PIB,
deixou mais pontos negativos do que positivos, como a centralização, o inchaço
das grandes cidades, o sucateamento da malha ferroviária, o emburrecimento do
ensino, o endividamento externo e a estatização excessiva.
Tenho a impressão que esses problemas
da época do Regime Militar ainda permanecem, apesar da democracia.
Tenho dito que o único caminho para um
Brasil melhor é o investimento pesado na educação, assim como a Coreia do Sul
fez, durante 20 anos. O resultado foi que esse pequeno país asiático se
transformou hoje uma potencia econômica.
Sem educação de verdade para o povo, não
haverá solução para os nossos problemas. Não haverá desenvolvimento suficiente
para transformar o Brasil num país de ponta. Continuaremos um grande país de 3o
Mundo.
O documentário não só é revelador, mas
também nos faz refletir sobre o nosso futuro.
Quem tiver oportunidade de ver o documentário
no cinema, em cartaz no Reserva Cultural em São Paulo, será um privilégio.
Há também em DVD e nas locadoras.
Vale a pena assistir para conhecer um
mais da história do nosso país.
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