sexta-feira, 1 de junho de 2012

FILME: “A SEPARAÇÃO”


  “A Separação” é um filme Iraniano de 2011, ganhador do Globo de Ouro, e, recentemente, do Oscar de melhor filme estrangeiro, que conta a estória de uma mulher que pretende se separar do marido e levar sua filha de 12 anos junto com ela para fora do país.

O filme é complexo, apesar de no início mostrar a rotina de uma família normal, dando uma sensação de monotonia.

Contudo a decisão da mulher desencadeia uma série de acontecimentos, gerando conflitos morais, religiosos e judiciais.

O filme consegue retratar de uma só vez a ótica de vários personagens. Dentre eles o da recém contratada empregada grávida, sempre acompanhada de sua filha de 06 anos, que não tem com quem deixar, que esconde do marido o seu trabalho e o drama de ter de cuidar de um velho senil que necessita de cuidados especiais como troca de roupa e banho; o da esposa que quer se separar; sai de casa, mas fica refém da filha que continua na casa com o pai; da filha, na esperança de que os pais voltarem a viver juntos; do marido que gostaria de reconciliar mas não tem coragem de pedir para a esposa voltar para casa; e do marido da empregada que está sem trabalho e prestes a ser preso por estar devendo para vários credores.

Paralelamente a tudo isso, chama a atenção o sistema Judiciário daquele país, onde todos esses personagens vão parar diante de um magistrado, que mais parece um escrivão de policia, que atende as partes litigantes numa pequena sala, sem qualquer formalidade e sem advogados, proferindo decisões sumárias como fixação de finança para pagamento imediato, sob pena de prisão.

O “processo judicial” vai ficando cada vez mais complicado, porque as pessoas sustentam suas versões omitindo ou mentindo sobre alguns fatos que geraram o litígio entre o marido (patrão) e a empregada grávida, justamente por questões religiosas, de um lado, ou para escapar de uma condenação judicial, de outro lado.

Para apurar a verdade, pois, o magistrado percebe a fragilidade dos argumentos de todos os envolvidos, determina a apuração dos fatos por meio do depoimento de testemunhas e por uma inusitada reconstituição dos fatos in loco realizada por policial designado que não consegue chegar a qualquer conclusão.

O final de tudo isso eu não vou contar, mas vamos perceber, ao assistir o filme, que a despeito de toda informalidade do processo judicial retratado, o desenrolar e os resultados são muito semelhantes do que ocorre no nosso sistema judicial que é altamente moroso, burocrático e oneroso.

Não estou defendendo a informalidade do processo judicial, até porque compromete o contraditório e a ampla defesa, mas o Brasil pode fazer muito para simplificar e agilizar nosso sistema para restaurar sua credibilidade, sem prejudicar a “segurança jurídica do cidadão”.  

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