“A Separação” é um filme Iraniano de 2011,
ganhador do Globo de Ouro, e, recentemente, do Oscar de melhor filme
estrangeiro, que conta a estória de uma mulher que pretende se separar do
marido e levar sua filha de 12 anos junto com ela para fora do país.
O filme é complexo, apesar de no início
mostrar a rotina de uma família normal, dando uma sensação de monotonia.
Contudo a decisão da mulher desencadeia uma
série de acontecimentos, gerando conflitos morais, religiosos e judiciais.
O filme consegue retratar de uma só vez a
ótica de vários personagens. Dentre eles o da recém contratada empregada
grávida, sempre acompanhada de sua filha de 06 anos, que não tem com quem
deixar, que esconde do marido o seu trabalho e o drama de ter de cuidar de um
velho senil que necessita de cuidados especiais como troca de roupa e banho; o
da esposa que quer se separar; sai de casa, mas fica refém da filha que
continua na casa com o pai; da filha, na esperança de que os pais voltarem a
viver juntos; do marido que gostaria de reconciliar mas não tem coragem de
pedir para a esposa voltar para casa; e do marido da empregada que está sem
trabalho e prestes a ser preso por estar devendo para vários credores.
Paralelamente a tudo isso, chama a atenção o sistema
Judiciário daquele país, onde todos esses personagens vão parar diante de um
magistrado, que mais parece um escrivão de policia, que atende as partes
litigantes numa pequena sala, sem qualquer formalidade e sem advogados,
proferindo decisões sumárias como fixação de finança para pagamento imediato,
sob pena de prisão.
O “processo judicial” vai ficando cada vez
mais complicado, porque as pessoas sustentam suas versões omitindo ou mentindo
sobre alguns fatos que geraram o litígio entre o marido (patrão) e a empregada
grávida, justamente por questões religiosas, de um lado, ou para escapar de uma
condenação judicial, de outro lado.
Para apurar a verdade, pois, o magistrado
percebe a fragilidade dos argumentos de todos os envolvidos, determina a apuração
dos fatos por meio do depoimento de testemunhas e por uma inusitada
reconstituição dos fatos in loco realizada
por policial designado que não consegue chegar a qualquer conclusão.
O final de tudo isso eu não vou contar, mas
vamos perceber, ao assistir o filme, que a despeito de toda informalidade do
processo judicial retratado, o desenrolar e os resultados são muito semelhantes
do que ocorre no nosso sistema judicial que é altamente moroso, burocrático e
oneroso.
Não estou defendendo a informalidade do
processo judicial, até porque compromete o contraditório e a ampla defesa, mas
o Brasil pode fazer muito para simplificar e agilizar nosso sistema para
restaurar sua credibilidade, sem prejudicar a “segurança jurídica do cidadão”.
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