quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

20 ANOS - PERES E AUN ADVOGADOS ASSOCIADOS


Neste ano de 2012, o escritório PERES E AUN ADVOGADOS ASSOCIADOS completou vinte anos de trajetória e fazendo história.

Um acaso fez o destino, quando dois jovens tiveram a oportunidade de se conhecer no final do ano de 1990.

Os sócios fundadores, eu (José Orivaldo Peres Jr.) e Sérgio Elias Aun, trabalhamos juntos por alguns meses num escritório de advocacia na cidade de São Manuel, pois, estava me desligando daquela banca, mas Sérgio começara um novo desafio.

Mantivemos contato em virtude da longa ligação que eu tinha com aquele escritório, porém, comecei a advogar sozinho em busca de novas oportunidades.

Em menos de um ano, Sérgio também se desligou daquele escritório para assumir o cargo de Procurador do Município de Botucatu e também a Assessoria Jurídica da ACIB – Associação Comercial e Industrial de Botucatu.

Mesmo assim, começamos uma parceria que rapidamente fluiu para uma sociedade.

O inevitável ocorreu em 04 maio de 1992, quando esses “dois jovens advogados” inauguraram o escritório PERES E AUN ADVOGADOS ASSOCIADOS, na Rua General Telles, n. 1.107, no centro da cidade, de fronte ao monumental Forum da cidade, projetado por Ramos de Azevedo.

Ambos os sócios fundadores tinham a mesma visão: atuar primordialmente em Direito Empresarial, com ênfase no Direito Tributário.

Como na época a legislação começava a se dinamizar, não só pelo crescente aumento da carga tributária, mas também pela globalização e pela introdução da tecnologia, como a  rede mundial de computadores, as empresas passaram a necessitar de uma assessoria jurídica especializada, ou seja, bem mais voltada para seus problemas.

Foi também nessa época que grandes questões tributárias começaram a surgir, como discussões sobre o FINSOCIAL, que foi substituído pela atual COFINS, o PIS, o PRO-LABORE, dentre outros.

Para consagrar nosso trabalho, em maio de 1993, obtivemos uma decisão inédita sobre o tema do Pro-labore, pela então Juíza Federal da 9a.Vara Federal de São Paulo, hoje Desembargadora Federal do TRF 3a. Região, Dra. Vesna Kolmar, que teve repercussão nacional, tanto que o jornal GAZETA MERCANTIL fez matéria sobre o assunto citando expressamente os nomes dos advogados fundadores do PERES E AUN ADVOGADOS ASSOCIADOS.

Depois de alguns dias da publicação da sentença, fui consultar o referido processo para ver a integralidade daquela decisão e o escrevente lhe atendeu disse que o Juiz havia vetado o acesso dado o tumulto de outros advogados para a consulta. Quando me apresentei como advogado do processo, o escrevente sorriu, me deu os parabéns e entregou o processo praticamente despedaçado, pois, dezenas e dezenas de profissionais do Brasil inteiro foram em busca de mais detalhes e de cópias da decisão.

No ano seguinte, ou seja, em meados de 1994, outra decisão, desta vez do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, teve uma repercussão nacional maior ainda, no campo do Direito Penal.

Mesmo me desligando da Assistência Judiciária, eu ainda tinha poucos processos em andamento. Dentre eles um pequeno furto de camisetas de uma loja popular em São Manuel.

Até hoje lembro daquela pobre mulher, solteira, mãe de três filhos pequenos, da cidade de Dois Córregos, que resolveu tentar furtar roupas de crianças numa casa comercial em S. Manuel, para atender as necessidades de seus filhos.

O nome dela era Marilda Corado, e na sentença condenatória, o Juiz sentenciante, ao reconhecer a periculosidade da pobre mulher, determinou sua imediata prisão.

Quando fui intimado da sentença, rapidamente recorri da decisão, mas a prisão foi mantida. Sensibilizado com a situação comecei uma longa caminhada para tentar livra-la da prisão, através de um Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que foi negado. Inconformado, fui ao STJ em Brasília, mas a liminar requerida também foi negada. Porém, quando do julgamento definitivo, o Ministro Edson Vidigal proferiu uma decisão demonstrando total indignação com aquela prisão e comparou a periculosidade de Marilda Corado com os nossos políticos.

Essa decisão bombástica redeu reportagens e entrevistas dadas por mim nas TVs Globo e Bandeirantes, Jornal O Estado de São Paulo (que no dia seguinte fez um editorial sobre o assunto), Jornal do Brasil do Rio de Janeiro, Correio Brasiliense e diversos jornais regionais.

Em 1997, uma questão tributária sobre o enquadramento do regime do SIMPLES de empresas da construção civil, rendeu repercussão nacional através do Jornal da Tarde e no DCI, que foi o primeiro sobre o tema.

Uma outra decisão inédita, bem mais recente, em fevereiro de 2009, foi proferida pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Dizia respeito ao primeiro Mandado de Injunção sobre o tema da aposentaria especial dos funcionários públicos estaduais. Após eu sustentar oralmente na sessão de julgamento, o pedido foi aceito pelos Desembargadores, por 15 votos a 03.

O escritório necessitava ampliar sua estrutura e em 10 de dezembro de 1995, a sede foi transferida para a Avenida Dom Lúcio, 196, em Botucatu, onde está instalada até hoje.

Temos muito a fazer pelo Direito e pela Justiça, sem olvidar de nossa responsabilidade constitucional, qual seja: colaborar eficazmente com a administração da Justiça.

Quero agradecer, em nome do escritório PERES E AUN ADVOGADOS ASSOCIADOS a toda nossa equipe de profissionais, estagiários, funcionários e parceiros, que também são nossos amigos, inclusive aqueles que já passaram pela “nossa casa”, pois, sem eles, nada teria acontecido.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

1911 - A FAMÍLIA PEREZ DE TERQUE, NA ANDALUZIA, PARA AO BRASIL

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Entre o final do século 19 e o começo do século 20, milhares de europeus deixavam seus países rumo ao “novo continente” para fugir das guerras, das repressões políticas e principalmente, pelos graves problemas econômicos que a Europa sofria.

Centenas de milhares de famílias chegavam ao Brasil, na sua maior parte, pelo Porto de Santos. Ao desembarcarem, os imigrantes eram encaminhados para uma hospedaria, um imponente complexo construído em 1886, que funcionou até 1978 para receber estrangeiros. Na parte antiga desse complexoatualmente, está o excelente Museu do Imigrante, no bairro da Mooca, em São Paulo, que vale a pena conhecer.

Uma curiosidade: até hoje a hospedaria funciona na parte de traz do Museu como albergue noturno para “moradores de rua” e a partir da 16 horas,  as pessoas começam a chegar para pegar um lugar para dormir. É o único museu no mundo com essas características.

Nesse albergue, os estrangeiros ficavam hospedados por alguns dias onde eram registrados em livros, como podemos verificar na digitalização abaixo, inclusive, para fins sanitários.

De lá, as famílias eram encaminhadas para o interior, especialmente para as fazendas de café para trabalhar na lavoura, a fim de recomeçar a vida, pois, na Europa, a situação econômica e a falta de empregos era dramática.

Esse destino não foi diferente para a família PÉREZ, de Terque, na região da Andaluizia, Espanha.

De fato, a imigração de europeus espanhóis ocorreu em grande escala e mesmo com todas as adversidades, essas pessoas mostraram força e determinação, como tantos outros imigrantes. E, como veremos, foram vencedores.

Deixando para trás tudo o que tinham na Espanha, inclusive uma pequena propriedade rural onde trabalhavam no cultivo de frutas e oliveiras, meu bisavô Francisco Pérez Alcaraz (44 anos) e os demais membros da família: Maria Rudulpho Sanchez (minha bisavó – 40 anos), além dos filhos, Onofre Pérez Rudulpho (19 anos), Maria Pérez Rudulpho (17 anos), Francisco Pérez Rudulpho (meu avô – 13 anos), Luiz Pérez Rudulpho (07 anos), gêmeo de Carmem Pérez Rudulpho (07 anos), Francisca Pérez Rudulpho (06 anos), Bonifácio Pérez Rudulpho (02 anos) e o sobrinho Antonio Rodrigues Herrada (29 anos e solteiro), partiram do porto de Almeria em 09.11.1911.

Meu avô, por ter o primeiro nome de Francisco, recebeu a alcunha de PACO. Por sua vez, meu pai era conhecido como Zé do Paco, e ainda hoje, meus amigos mais próximos me chamam de Paco ou Paquinho.

Cabe aqui uma explicação sobre a origem do apelido “Paco”. É que na idade média os copistas de livros, para ganhar tempo, escreviam os textos com símbolos e palavras com abreviaturas. Portanto, o nome espanhol Francisco, também grafado de Phrancisco, era abreviado por Phco ou Pco, e depois, Paco, como conhecemos nos dias atuais.

Certa vez, vô Paco me contou que lembrava muito bem do dia em que partiram da Europa. Era novembro do ano de 1911, a Família PÉREZ, no meio da multidão, se agarravam uns aos outros para não se perderem no caminho do navio  de nome CAVOUR, que levaria a todos para uma terra tão longínqua e desconhecida.

Vô Paco descreveu a partida com um tom de saudosismo, quando então, aos 13 anos de idade, ficou na popa do navio observando a embarcação se afastar do continente até que num dado momento não era possível enxergar mais nada.

Posso imaginar como aquela família vivenciou aqueles momentos: medo, esperança, espectativa, sonhos e etc.

A partir daí, as dificuldades estavam apenas começando. O navio, com excesso de passageiros, não só provocava muito desconforto, mas também, as doenças com as quais os passageiros tinham de conviver.

Alguns desses passageiros morreram durante os 16 dias de viagem e obviamente não puderam ser dignamente enterrados.

Felizmente, o grupo familiar dos PÉREZ chegou ao destino a salvo em 25 de novembro de 1911, no Porto de Santos.

Depois de passar pela hospedaria, os imigrantes espanhóis seguiram para o interior do Estado de São Paulo.

A família foi direto para São Manuel-SP, na Fazenda Santa Margarida, uma das principais do município, que contava com 90 mil pés de café de 30 anos de idade, local onde conheceu minha avó DOLORES PÉREZ GAMBERO (sobrenome PÉREZ homônimo), natural de Málaga, também da Espanha.

Casaram-se em 22.04.1922 e tiveram 07 filhos: DOLORES PERES NOVELI (tia Nena, foi casada com Alberto Novelli); MIGUEL PERES (Tio Ito, escrivão de polícia, de quem eu ganhei um livro sobre Inquérito Policial e que guardo até hoje em minha biblioteca, foi casado com Maria  Valmira Francisco Peres), ANTONIO PERES PERES (tio Toninho, bacharel em direito e professor, foi casado com Elisabeth Quadros Barros Peres); LUIZ PERES (Tio Zinho, farmacêutico, foi casado com Helenice Aparecida Verniano Peres); MARIA PERES GIANESCHI (professora, foi casada com Jarbas Gianeschi) e MARLENE PERES MARTINS (professora, foi casada com Edwal de Souza Martins); e JOSÉ ORIVALDO PERES (o Zé do Paco, meu pai, advogado, foi casado com Ana Maria Gomes Pupo).

Ainda jovem, vô Paco mostrando inesgotável força de vontade e determinação de vencer, tinha aulas noturnas diárias de português e de contabilidade, mais precisamente, um antigo sistema contábil denominado Método das Partidas Dobradas (método contábil criado na idade média por um frei veneziano, universalmente utilizado pela contabilidade, cujo princípio fundamental é de que para cada débito – ativo – corresponde a um crédito – débito – de igual valor), sob a luz de um lampião.

A professora da fazenda, cujo nome desconheço, se dispôs a dar essas aulas particulares de noite para meu avô, sensibilizada pela incomum força de vontade daquele jovem estrangeiro que ainda tinha disposição para aprender, depois de 12 horas de trabalho pesado sob o sol tropical na roça.

Vô Paco tencionava ser um comerciante no futuro, não só para proporcionar uma qualidade de vida melhor à sua família, mas também, porque o trabalho na lavoura de café era estafante e penoso.

Alguns anos mais tarde vô Paco foi trabalhar pela primeira vez na zona urbana, em São Manuel, na Casa Rugai, que era um armazém de secos e molhados. Trabalhou ainda como pedreiro na década de 20 e ajudou a construir um dos mais belos prédios da cidade, hoje tombado. Era o prédio do Banco Comércio e Indústria, onde funciona a Drogaria Popular, na Rua XV de Novembro, bem no centro da cidade.

Depois, foi carroceiro e como a legislação da época exigia, teve de tirar a Carteira de Habilitação para poder transitar na cidade, no ano de 1938.

Por conta de uma úlcera detectada, resolveu mudar de atividade e assim, abriu uma pequena quitanda: a Quitanda do Paco, e mais tarde, o Bar do Paco, na Rua Epitácio Pessoa.

O referido estabelecimento evoluiu para um Armazém de Secos e Molhados que foi tradicional em São Manuel, no quarteirão seguinte do antigo Bar, fixando sua residência aos fundos do imóvel, na Rua Epitácio Pessoa n. 719, no Centro, que atualmente funciona uma loja de Roupas (imóvel adquirido em janeiro de 1941).

Esse armazém funcionou até o final da década de 70 e algumas lembranças são bem vivas para mim. O piso de ladrilho hidráulico colorido; o balcão e as prateleiras de madeira; os grandes sacos de cereais à granel, o baleiro de vidro, além de um dos mais fiéis empregados, o Sr. João Carcanha, contando com seus mais de 80 anos, ainda vivo.

Também chegou a ter um Sítio de nome São Francisco, de 32 alqueires, no Bairro Bela Vista, Município de São Manuel.

Vô Paco, que teve vida longa, faleceu aos 97 anos em 06.03.1995 e vó Dolores faleceu aos 82 anos (15.4.1903 a 13.4.1985).

Meu pai (JOSÉ ORIVALDO PERES), o caçula dos filhos, nasceu em 11.11.1941 e faleceu aos 66 anos em 26.08.2007. Era advogado, mas sua paixão sempre foi a política.

Com a política correndo em suas veias, desde criança foi “ademarista” (ADHEMAR DE BARROS, médico, foi governador do Estado de São Paulo e candidato a presidente da República).

Meu pai chegou a ser sócio de Vô Paco no armazém de secos e molhados e mais tarde foi proprietário de uma Transportadora.

Na década de 60/70 foi por duas vezes vereador municipal de São Manuel, numa época que a vereança não era remunerada.

Na década de 70/80 foi secretário particular do Dr. Adhemar de Barros Filho (Deputado Federal e Secretário de Estado), que também era presidente da fábrica de chocolates Lacta. Por essa razão, meu pai trabalhava a semana toda em São Paulo e residia num apartamento na Rua Aurora.

Nos períodos de campanha eleitoral, papai sempre era destacado para coordenar as campanhas dos candidatos da antiga ARENA na região oeste do Estado.

Neste período, ele recebia quase todas as autoridades e políticos que visitavam a Região e muitas fotos que registraram essas ocasiões estão guardadas com meu irmão Francisco.

Entre as décadas de 80/90, dedicou-se à advocacia. Nos anos 2000, ou seja, a partir de 2002, foi nomeado Diretor Jurídico do Município de São Manuel, até 2006/2007 quando adoeceu e foi obrigado a afastar-se do cargo.

Casou-se com ANA MARIA GOMES PUPO (professora) em 1964 com quem teve quatro filhos: eu, José Orivaldo Peres Júnior; Ana Lúcia Pupo Peres; Luciana Pupo Peres e Francisco Peres Rodolfo Neto.

A história da família PÉREZ é um exemplo de fibra, coragem, força de vontade, perseverança, trabalho e honradez.

Para consagrar tudo isso, os descendentes de espanhóis foram presenteados com a Lei da Memória Histórica do Governo Espanhol, editada em dezembro de 2010, permitindo que netos de espanhóis pudessem requerer, dentro de 02 anos de prazo, a cidadania espanhola.

De fato, muitos membros da família conseguiram o reconhecimento da cidadania espanhola. Talvez eu tenha sido o primeiro neto do clã, com o nome de "JOSÉ ORIVALDO PÉREZ GOMEZ", com a inclusão do sobrenome materno, confome exige a legislação do Estado espanhol. Depois, como filhos naturais, meus queridos João Pedro e Isadora, também obtiveram a certidão de nascimento e o passaporte espanhol em 2011, ou seja, exatos 100 anos depois da chegada de Paco ao Brasil.

Outra coincidência foi a minha idade. Em 1911, quando a família chegou ao Brasil, meu bisavô Francisco Pérez Alcaraz contava com 44 anos. Em 2011, quando obtive a cidadania e o passaporte europeu, também tinha 44 anos.

De qualquer forma, ser cidadão espanhol é uma forma de resgate de nossas origens, o que muito me honra.

Esse é um breve histórico da trajetória da família. Tenho certeza que muitos outros fatos e passagens interessantes aconteceram ao longo desse século que se passou e poderiam ser contados aqui, mas que infelizmente não tenho conhecimento detalhado.

Desse modo, convido aos parentes e amigos que tiverem oportunidade de ler este post, para trazer e comentar outros fatos e informações, a fim de enriquecer nossa história.

Vô Paco e Vó Dolores em 1957.




Família Perez em 1972, nas bodas de ouro de Vô Paco e Vó Dolores.




Peres com seu pai em 1965.




Vó Dolores com Peres no colo em 1965.





Peres com seu pai e seu padrinho de batismo José Antônio di Sanctis.





Vô Paco e Vó Dolores com as noras Valmira, Elisabeth, Ana Maria (mãe de Peres) e Helenice.






Almoço de domingo em 1978 na residência da Rua: Batista Martins, 278 (Peres - pai, Peres, Luciana que está atrás de mim, Francisco e Ana Lúcia).





Time da Associação Atlética Sãomanuelense de 1981 - 3ª Divisão.



Em 1968 pai de Peres tomando posse como vereador.







domingo, 28 de outubro de 2012

ÓPERA NO MUNICIPAL – VIOLANTA


Dentro da temporada de 2012, o Teatro Municipal de São Paulo recebeu a obra Violanta de ERICH KORNGOLD, que foi composta aos 18 anos de idade no começo do século XX.

Em um só ato, com a Orquestra Sinfônica Municipal & Coral Lírico, a ação se passa no século XV, em pleno Carnaval de Veneza, no palácio do Capitão Trovai (Rodrigo Esteves – barítono), cuja esposa Violanta (Eiko Senda – soprano), está obcecada em vingar a morte de sua irmã que se suicidou por ter sido seduzida e abandona pelo sedutor e volúvel Don Afonso, príncipe de Nápoles (Martin Muehle – tenor).

Violanta vai até a Piazza San Marco para seduzir e atrair Afonso para dentro da residência do Capitão Trovai. Violanta planeja com seu marido que quando estiverem à sós e no momento em que cantar uma canção de carnaval, ele entra para mata-lo.

No entanto, quando Don Afonso começa a contar sua triste história de infância solitária e que perdura até hoje, Violanta percebe que havia se apaixonado pelo sedutor da irmã assim que o conheceu. Violanta revela sua verdadeira identidade e Afonso pede que ela viva o momento e que fiquem juntos.

Descontrolada ela canta a canção de carnaval e se abraça com Afonso. O marido entra na sala, vê os dois abraçados e então atacada Afonso com um punhal. Violanta tentar explicar que ela não traiu o marido e se coloca entre eles, mas por acidente, recebe um golpe mortal.

Essa estória dramática termina com Violante agonizando nos braços do marido.

Sob a regência de Luís Gustavo Petri, a Orquestra Sinfônica de São Paulo está impecável, e, é um espetáculo à parte.

Outro destaque é o Teatro Municipal, totalmente restaurado, em cada detalhe, que está simplesmente deslumbrante. Vale à pena visitar o Municipal só para apreciar sua riqueza e imponência, que particularmente me deu muito orgulho.

domingo, 14 de outubro de 2012

VISUAL – EXPOSIÇÃO DA 30a. BIENAL DE SÃO PAULO

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Com o motivo “A Iminência das Poéticas”, a exposição segue no Prédio da Bienal do Ibirapuera até 07 de dezembro de 2012, com entrada gratuita.

A iminência é entendida como aquilo que está para acontecer. As poéticas, são as expressões de linguagem que os 111 artistas, nacionais e estrangeiros, procuram transmitir ou se comunicar através das mais de 3 mil obras, mais da metade delas produzidas especialmente para essa Bienal.

Estive na Bienal (dia 14/10/12) e pude apreciar ao longo de 5 horas, com muita tranquilidade, toda a exposição. São vídeos, pinturas abstratas, esculturas, fotografias, grafites, trabalhos sobre cartolina, dentre outros trabalhos de arte moderna, focando bastante os detalhes do cotidiano atribulado das pessoas.

O destaque da exposição, na minha opinião, estão nas pinturas abstratas (aleatórias, mas propositais) cujo visual é muito agradável e confortável de se ver. As fotografias eróticas, com nu feminino e masculino; e os colchões de berços de crianças, descartados por orfanatos, que foram levados para médiuns para que fizessem a leitura do que essas crianças pensavam ou sentiam.

As revelações dos médiuns são feitas através de áudio que estão instalados dentro dos colchões. O expectador, ao se aproximar das peças que estão fixados na parede, pode ouvir cada uma dessas histórias, todas elas muito tristes.

As obras são muito ricas, e como se trata de arte moderna, cada pessoa interpreta a obra de uma forma ou como quer, com liberdade, o que torna o passeio leve e prazeroso.

sábado, 22 de setembro de 2012

FILME – INTOCÁVEIS

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De produção francesa, do gênero drama e comédia, o filme baseado em fatos reais, que está em cartaz em cinemas das grandes cidades, foi uma grande surpresa para mim.
É raro você se deparar com um filme tão delicado, sensível e inteligente quanto esse.
O roteiro privilegia o senso de humor, que só por isso o torna diferenciado.
Mas não é só. Paradigmas e preconceitos são colocados em discussão, nos fazendo perceber que o simples e o espontâneo é o suficiente para nos tornar feliz mesmo com todas as diferenças entre as pessoas.
Sem grandes diálogos, mas com muitas sutilezas, principalmente nas expressões faciais dos personagens, os significados e as mensagens são transmitidas com profundidade ao expectador.
Ambientado em Paris, Philippe, (que é interpretado pelo astro francês François Cluzet), é aristocrata e ficou paraplégico depois de um acidente de paraquedas.
Juntamente com sua bela secretaria, Philippe está entrevistando vários candidatos a “cuidador”. Dentre eles está o ator Omar Sy que encarna o vigarista Driss, um senegalês, negro, que foi adotado pelos tios ainda na infância, recém saído da prisão por roubo, mas que precisa obter o visto da visita da entrevista do emprego, apenas para receber o seguro desemprego do governo.
Irreverente, alegre, inocente e divertido, ele conquista Philippe mesmo sem qualquer intenção de trabalhar.
Depois de um período de experiência Driss é contratado definitivamente. Com muitas situações engraçadas eles se tornam amigos fraternais.
Driss transforma a vida de todos: do próprio patrão que volta a sorrir depois de tantos anos; da linda secretaria que é gay, mas que sem saber, é constantemente assediada por Driss;  da governanta que assume o namoro com o jardineiro; da filha adolescente que recebe seu primeiro corretivo do pai por sugestão de Driss; do namorado da filha que a estava fazendo de boba; e até dos vizinhos que deseducadamente estacionavam o carro em frente a garagem da mansão.
Depois que Driss convence Philippe a ter um encontro pessoal a mulher cuja qual se correspondia por carta platonicamente há 06 meses, para ter um amor real, ele vai embora seguir sua vida, sem perder a amizade com o milionário aristocrata.
No final do filme, o verdadeiro Philippe aparece contemplando a paisagem bucólica de uma região montanhosa, valorizando ainda mais essa bela história.
O filme toca a todos e não é à toa que é um dos mais vistos na França.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

POEMAS

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O difícil não é transformar o que você pensa em um poema, mas ter a capacidade de compreender nossos mais profundos sentimentos e o verdadeiro sentido da vida.

As palavras são importantes, mas são como “velas expostas ao vento”. O poema perpetua toda essa fusão de pensamentos, sentimentos, sensações e desejos, no qual as pessoas tem a oportunidade e o privilégio de apreciar, refletir e se identificar no mais sublime deleite daquilo que um poema procura transmitir.

Ao criar meus poemas, totalmente desarmado, fiquei à mercê de inspirações fáceis e dóceis, tendo como único compromisso ouvir meu coração. Uma experiência extraordinária, que compartilho com meus leitores alguns dos poemas que farão parte do livro que estou escrevendo.


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MULHER, DIVINA INSPIRAÇÃO
  
Mulher...
Súbita inspiração divina.
Fonte de vida,
De amor.


Seios que amamentam,
Que encantam.
Palavras que confortam.
Lábios que seduzem.


Tão sublime é seu olhar.
Intenso, penetrante.
Selvagem sensualidade.
Que não nos deixa em paz.


Mãe de todos.
Amante dos apaixonados.
Escultura perfeita.
Mulher, inevitavelmente, mulher.




CELEBRAÇÃO DA VIDA

Uma vida
Muitas emoções,
Desejos,
E o tempo que passa


Lágrimas de alegria,
De uma paixão,
De contemplação,
De outra conquista.


A brisa fria que toca nossa face.
O cheiro do campo,
Da pele
Do teu perfume.


Sonhar acordado,
Em cada nota musical.
O som das ondas do mar.
Através  das cores do crepúsculo.


Ver e enxergar,
Tua essência.
De todas as coisas.
Tentar para não se arrepender.


Viver intensamente,
Cada segundo.
Em sintonia, sempre,
Com a celebração da vida.
 

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ALENTO

Uma figura que aparece,
Mas que não parece,
Tudo aquilo
Que aparenta ser.


No oceano da desesperança
Uma ilha de alento,
Trazendo de volta meus sonhos,
Acreditando que felicidade ainda existe.


Ilusão,
Travestida de miragem
Que vai se esvaindo
Ao se tentar tocar.


Vida que segue.
Realidade inevitável,
Que não tarda,
Mas que vem para me salvar.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

BANDA NO CORETO AINDA EXISTE


A banda no coreto nos traz a ideia de ser algo muito antigo e extinto. Quase uma ficção.

Em praticamente todas as cidades do interior vemos um coreto no meio das principais praças e ficamos imaginando se de fato, algum dia, aquela pequena edificação teve utilidade.

Depois de algumas pesquisas, pude constatar que existem algumas cidades do Brasil que ainda utilizam esporadicamente o coreto das praças para tocar boa música, como é o caso de Poços de Caldas-MG, por exemplo.

Nesta mesma pesquisa verifiquei muitas manifestações saudosistas no sentido de que as bandas do coreto não resistiram aos novos tempos e que toda aquela alegria que envolvia as pessoas feneceu.

Contudo, pelo menos em um lugar a banda no coreto sobreviveu até os dias de hoje.

Na cidade de São Manuel-SP, minha terra natal, a Banda Filarmônica São-manuelense se apresenta todos os domingos das 20h às 9h30m, praticamente de forma ininterrupta desde 1926, muito embora o coreto tenha sido construído em 1905.

É uma tradição tão enraizada no povo sãomanuelense que chega a ser obrigatório para os pais levar as crianças para ver as apresentações dominicais.

De geração em geração, a infância das crianças de São Manuel e da região, foram marcadas pelos domingos de música na praça.

Meus avós levavam meus pais para ver a banda no coreto, assim como eu e meus irmãos também íamos aos domingos ver a banda tocar. Hoje, levo meus filhos e acredito que meus netos também darão continuidade a essa tradição maravilhosa.

Até para os adultos vale a pena visitar a cidade para ver a banda tocar no coreto.

A atual Banda Filarmônica São-manuelense é formada basicamente por jovens e são tocados vários tipos de música como: marchas, samba, MPB, polcas, românticas (Roberto Carlos) e até carnaval.

É um espetáculo à parte, pois, além de tudo, as crianças dançam, pulam e correm em volta do coreto enquanto a música toca, segurando seus balões com motivos infantis, que são vendidos na calçada do jardim (Praça Dr. Pereira de Rezende).

Também não falta o pipoqueiro, o velhinho que vende algodão doce e uma barraquinha de tapioca com vários tipo de recheio.

O jardim de estilo europeu completa todo o cenário.

Não há como não ficar contagiado, principalmente pela alegria inocente e espontânea das crianças. Com seus olhinhos brilhando, a felicidade dos pequenos nos dá a sensação de que existe esperança de um mundo melhor.

Quando a apresentação acaba e as pessoas aos poucos vão deixando os bancos em volta do coreto para retornar às suas casas, a realidade toma conta de nossas mentes, mas com a diferença de que aqueles 90 minutos de banda no coreto valeu à pena, simplesmente porque toda essa atmosfera toca nossa alma.

Recomendo aos visitantes desse blog que confiram, ao menos uma vez, a apresentação da Banda Filarmônica São-manuelense no coreto do jardim, em São Manuel-SP.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

VISUAL – CARAVAGGIO – EXPOSIÇÃO NO BRASIL


O MASP, em São Paulo, traz a mostra “CARAVAGGIO E SEUS SEGUIDORES” de hoje até 30.09.2012.

É uma oportunidade ímpar para os amantes da arte.

A pintura de CARAVAGGIO (1571 a 1610), um dos maiores pintores do meio do século 17, tem como características a violência, o drama, o erotismo, e pela a técnica do claro-escuro, através da qual ele coloca um fecho de luz forte e direto sobre as figuras do tema em primeiro plano.

A primeira vez que as obras de CARAVAGGIO esteve no Brasil foi no IV Centenário de São Paulo, em 1954, onde a cidade recebeu três pinturas. Depois, em 1998 somente duas telas vieram ao Brasil, em exposição no MASP (Narciso e os Trapaceiros).

Nesta exposição, o MASP exporá sete obras, dentre elas: São Gerônimo que Escreve; São Francisco em Meditação; e principalmente Retrato Cardeal (1599/1600) e a recente famosa Medusa (1597), ambas de colecionador privado.

O destaque dessa exposição são duas obras recentemente creditadas a CARAVAGGIO, (Retrato de Cardeal e Medusa, esta em 2011) cujas revisões de autoria são constantes na história da arte, principalmente nos dias de hoje, com tecnologia de ponta com o uso de Raio X e de infravermelho.

Como existem duas telas de propriedade particular e recentemente reconhecidas como de CARAVAGGIO (são 70 obras conhecidas no mundo inteiro até agora), provavelmente é uma oportunidade única para se ver as obras, já que as telas não se encontram em museus da Europa, mas apenas eventualmente em exposições itinerantes como esta do Brasil, no MASP.

Além das obras de CARAVAGGIO, estarão expostas outras 15 pinturas de seguidores contemporâneos, de gerações distintas, de origens espanhola, flamenca, italiana e francesa.

Vale a pena a visita (custo do ingresso R$ 15,00).