quarta-feira, 30 de outubro de 2013

VIAGEM – HAVANA EXTRAORDINÁRIA


Conheci muitas cidades pelo mundo inteiro, mas Havana (Cuba) é única. E, em muitos sentidos.

Quando cheguei ao Brasil depois de uma curta viagem de férias, não tive dúvidas em escrever sobre a extraordinária experiência de conhecer Havana.

Já no dia da chegada, tivemos a sorte de assistir um show no Teatro do Hotel onde estávamos hospedados, com um grupo musical comandado por um dos integrantes fundadores do famoso “Buena Vista Social Club”, Amadito Valdés.

Mas era apenas o começo, pois, eu e Luciano, meu amigo e companheiro de viagem, tivemos o privilégio de sermos recebidos por duas pessoas maravilhosas. O casal Luiz e Isabel são cubanos de Havana e moradores da “Habana Via”, centro da cidade, que comumente recebem brasileiros.

Todos os visitantes são convidados para visitar a residência do casal e assinar um livro de presença que Luiz tem orgulho de mostrar a quantidade de pessoas que já passaram por lá.

Nosso amigo Luiz, um verdadeiro historiador, se dispôs a mostrar Havana como ela é.

Na sexta feira, dia 25/10/2013, logo pela manhã, começamos nossa longa caminhada por “Habana Via”, como assim é chamado o setor mais antigo e histórico de Havana.

A primeira coisa que chama a atenção, assim que se chega em Havana, é o trânsito, cuja frota de carros da década de 50 é um espetáculo à parte. Parece uma enorme exposição de carros antigos circulando normalmente pelas ruas e avenidas da cidade. São modelos dos mais diversos, alguns deles lembro de minha tenra infância.

Caminhar entre os cubanos e turistas (a maioria esmagadora de europeus), e, pelas ruas com seus casarões e edifícios dos séculos 17, 18 e 19, de influência arquitetônica espanhola, francesa e inglesa, muitos deles recuperados e com famílias inteiras neles morando, foi algo fascinante.

O passeio à pé de vários quilômetros era interrompido periodicamente por Luiz que fazia questão de explicar cada detalhe histórico das praças, das estatuas, dos monumentos, dos edifícios, dos costumes do povo.

Algumas de nossas paradas eram em Cafés e Bares, como por exemplo o famoso “Bodeguita Del Médio” e o “Floridita” (um dos favoritos do escritor americano Ernest Hemingway, fundado há quase 200 anos e onde foi criado o Drink Daiquiri), não só para conhecer a “casa”, quase todas com música caribenha ao vivo, mas também para experimentar o que ali tinha de melhor em drinks e comida. Devo reconhecer que foi um dos passeios mais prazerosos da minha vida.

Provavelmente por questões políticas e econômicas que envolvem Cuba, toda essa arquitetura, que o governo está recuperando lentamente, foi e está sendo preservada, ao contrário do que ocorreu em S. Paulo e no Rio de Janeiro. Afortunadamente, o aspecto arquitetônico é um dos fatores que torna Havana uma cidade ímpar.

São quase 500 anos de uma rica história do país que infelizmente sofre as consequências do embargo econômico em vigor até hoje.

Minha maior surpresa foi o povo cubano. Como caminhamos bastante, não só pelo centro histórico, mas também por bairros e regiões que turista normalmente não visita, procurei analisar atentamente as pessoas e seus comportamentos.

Cuba, inegavelmente, é contraditória. É um país pobre e com necessidades, principalmente no que tange ao conforto. Por outro lado, tive a nítida impressão que o povo cubano é alegre e feliz. Também notei claramente que o cubano não se mostra reprimido, nem fanático do ponto de vista político. Talvez acomodado.

A religião é livre e as pessoas podem trabalhar na profissão que quiserem.

Cuba tem um dos maiores contingentes de médicos do mundo, proporcionalmente à quantidade de habitantes do país (cerca de 85.000 médicos, salvo engano) e a população tem garantia de saúde totalmente de graça, tanto que não vi uma farmácia ou drogaria sequer. Se o cidadão tiver uma dor de cabeça é só comparecer a um posto de saúde que será atendido. E a mortalidade infantil é extremamente baixa

A educação é outro ponto forte. Em todas as cidades há curso superior e o cubano pode escolher qualquer profissão para estudar.

Tudo que estou escrevendo não é novidade. É só pesquisar na internet que teremos informações mais precisas. Porém, meu registro é aquilo que vi com meus próprios olhos.

No final desse memorável dia, voltamos para a residência de Luiz. Lá fomos recebidos por Isabel com um delicioso jantar feito por Maria, filha do casal. O cardápio: salada fresca, arroz soltinho, peito de frango grelhado, tostones (banana verde frita em rodelas e levemente empanadas – delícia); refrigerante, frutas e café.

No dia seguinte, dia da volta para o Brasil, tínhamos a parte da manhã livre que não abrimos mão de desperdiçar.

Contratamos Juan, um motorista de 02 metros de altura, dono de um Mercury azul, 1956, conversível, totalmente original, e fomos passear por Havana juntamente com nosso grande amigo Luiz, por mais de 03 horas.

Nesse passeio a “aula de história” continuou. Visitamos a Praça da Revolução (onde Fidel fazia seus discursos); a Universidade de Havana; vários bairros onde viviam as famílias mais abastadas, e, principalmente, o lendário Hotel Nacional de Cuba, construído na década de 30, que teve seu alge nos anos 40 e 50.

O Hotel, totalmente restaurado e em pleno funcionamento, é uma volta glamorosa ao passado, de modo que é imperdível de se visitar para quem está em Havana.

No final do passeio, de volta ao nosso Hotel, lamentei o fim da viagem e a despedida de Luiz.

A atmosfera de Havana, é inigualável. As pessoas, o alto astral, o cenário, a arquitetura, e muitas coisas mais, torna a cidade, como disse no início, única.

Creio que fui feliz em fazer uma dedicatória no livro de presença de Luiz e Isabel, que bem resume nossa viagem:

“Uma experiência extraordinária.
Com pessoas maravilhosas.
Conhecendo uma cidade fascinante.
Riqueza que ficará gravada para sempre em nossas memórias”

Havana, 25.10.2013.

2 comentários:

  1. Fascinante a sua narrativa Ju....adoraria ir um dia a Havana !!!

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  2. Muito interessante a sua visão dessa Cuba que desconhecemos. Abraço meu amigo

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