quinta-feira, 25 de abril de 2013

DOCUMENTÁRIO – O DIA QUE DUROU 21 ANOS

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Este documentário mostra a influência direta e decisiva do Governo dos Estados Unidos no golpe de 1964, sob uma ótica jamais vista.

Em minha opinião, é o melhor documentário sobre o tema já realizado.

Com uma boa estética e com documentos, depoimentos e conversas registradas, o documentário mostra credibilidade. Uma dessas gravações traz uma conversa, registrada em 1962, entre o presidente John F. Kennedy e seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, na qual manifestam a preocupação com o que julgam ser uma inclinação de Jango à esquerda. Falam ali, no auge da Guerra Fria, em apoiar militares brasileiros insatisfeitos com a "entrega do país aos comunistas".

Os EUA tinham grande preocupação com a crescente influencia da esquerda no governo de João Goulart. Temiam que Jango perdesse o controle e com isto, o Brasil se transformasse “numa Cuba”.

O então Embaixador dos EUA no Brasil Mr. Gordon conseguiu convencer a Casa Branca do risco iminente da esquerda assumir o poder.

Nesse contexto, foi definido um golpe militar. Para tanto, foi articulada a Operação Brother Sam, ou seja, uma força naval americana deslocada para Santos (SP) e colocada em prontidão para agir (inclusive com incursão terrestre), caso houvesse resistência ao golpe de 1964. Como não houve qualquer resistência (Jango se dirigiu de avião para o Rio Grande do Sul, juntou-se a Brizola e foram para o exílio para o Uruguai), a força militar dos Estados Unidos se retiraram e voltaram para suas bases no Caribe.

Havia um plano de contingenciamento articulado pela CIA e pela Casa Branca para o pós-golpe, onde seriam realizadas eleições democráticas em seguida, mas com candidatos ao gosto do “patrocinador.”

Contudo, os militares tomaram o poder por um motivo (evitar que o Brasil fosse um país comunista), mas ficaram por 21 anos por outro motivo (pelas vantagens e pelas mordomias do poder).

Conforme o tempo passava, a repressão aumentava e muitos abusos foram cometidos. Os Atos Institucionais que restringiam a liberdade do cidadão, a censura, prisões investigativas, dentre outros, fez com que esse período fosse conhecido como “Anos de Chumbo”.

Entre os anos de 1964 e 1985, o Regime Militar teve os seguintes Presidentes: Castello Branco (1964 – 1967); Costa e Silva (1967 - 1969); Junta Militar (1969 com duração de apenas dois meses); Médici (1969-1974); Geisel (1974 - 1979); e Figueiredo (1979 - 1985).

Somente em 1989 é que tivemos eleições diretas.

 Os 21 anos de ditadura interromperam o processo democrático e, mesmo com aumentos consideráveis em alguns anos do PIB, deixou mais pontos negativos do que positivos, como a centralização, o inchaço das grandes cidades, o sucateamento da malha ferroviária, o emburrecimento do ensino, o endividamento externo e a estatização excessiva.

Tenho a impressão que esses problemas da época do Regime Militar ainda permanecem, apesar da democracia.

Tenho dito que o único caminho para um Brasil melhor é o investimento pesado na educação, assim como a Coreia do Sul fez, durante 20 anos. O resultado foi que esse pequeno país asiático se transformou hoje uma potencia econômica.

Sem educação de verdade para o povo, não haverá solução para os nossos problemas. Não haverá desenvolvimento suficiente para transformar o Brasil num país de ponta. Continuaremos um grande país de 3o Mundo.

O documentário não só é revelador, mas também nos faz refletir sobre o nosso futuro.

Quem tiver oportunidade de ver o documentário no cinema, em cartaz no Reserva Cultural em São Paulo, será um privilégio.

Há também em DVD e nas locadoras.

Vale a pena assistir para conhecer um mais da história do nosso país.